segunda-feira, 3 de março de 2014

Resenha: A casa de Avis - Calicute do autor Marcelo Mússuri

OLÁ AMANTES POR LIVROS,

É com muito orgulho que apresentamos hoje a resenha do livro A Casa de Avis - Calciute, do autor Marcelo Mússuri. Com este livro eu tive o prazer de viajar para Portugal, em meio a rebuliço das grandes tramas de um reino e, é claro, às primeiras investidas na Terra dos Papagaios, atual Brasil. 

Com uma extensa pesquisa e com um cuidado surpreendente para tratar de principais fatos históricos, o Marcelo se consolida não como um novo talento, mas como um autor de alta experiência e riqueza literária. Em poucos livros pude imergir em um emaranhando de dramas e interesses causados pelo poder. Nunca tinha observado Portugal da forma como visualizei através deste livro. 




FICHA TÉCNICA

Título: A Casa de Avis - Calicute
Autor: Marcelo Mússuri
Páginas: 376
Editora: Novo Século
Nota: 5/5

SINOPSE

Jaime, filho do Duque de Bragança, o homem mais rico e influente de Portugal, tem apenas seis anos quando o pai é condenado à morte e degolado na praça de Évora. Após ser obrigado a assistir a execução, é enviado ao estaleiro da cidade de Lagos, para ser esquecido e desaparecer definitivamente. O menino resiste e se junta a um pequeno grupo de carpinteiros naquela extenuante rotina de trabalho. Até que uma doença devastadora aniquila a tripulação das caravelas destinadas a cruzar o extremo sul do mundo em busca do caminho para as Índias. 

O ano era 1488 de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Jaime não poderia imaginar que sua vida estaria intrinsecamente ligada à maior aventura de sua nação. Apoiado em verdades históricas, esse romance de tirar o fôlego, desvenda os segredos das intrincadas relações de poder na Corte portuguesa no final do século XV, as sangrentas batalhas medievais, as ordens religiosas e seu extraordinário poderio militar, as fantásticas viagens oceânicas, seus perigos, desastres e a promessa de fortunas inimagináveis.

RESENHA

A história se inicia com o prólogo mostrando a decapitação do D. Fernando II, Terceiro Duque de Bragança, em praça pública a mando do Rei D. João II. Ao lado do Rei, encontra-se um menino de aproximadamente 6 anos que assiste a morte do Pai, logo depois, é levado por soldados para ser abandonado a sua própria sorte. Junto ao povo, Dias e Diogo assistem ao horrendo espetáculo, com a maior naturalidade.

Após o término, Dias e Diogo se dirigem a cidade mais próxima, já que eles são exímios navegadores do reino de Portugal. Na estrada se deparam com soldados portugueses carregando Jaime, filho de D. Fernando II, só que em nenhum momento, os navegadores percebem a descendência nobre do garoto, tomando ele como se fosse algum ladrão qualquer. Compadecidos com a situação deplorável do menino, Dias e Diogo perguntam aos soldados se podem passar a noite juntos, para evitarem ladrões durante o sono. Sem saber da identidade dos dois, os soldados passam a fazer brincadeira de mal gosto com ambos e com o garoto, causando uma repudia nos navegadores reais. Após um grande atrevimento do Capitão, Diogo que é um exímio espadachim, inicia um pequeno combate. O Capitão perde e é humilhado, pois, uma de suas orelhas é decepada. Os soldados percebendo o perigo dos dois homens, se submetem aos aos desejos dos dois e liberam o garoto. Assim se inicia uma verdadeira amizade. Após libertarem o garoto, Dias e Diogo, o deixam no cais para trabalhar.

Após esse episódio, o livro entra na terceira parte, trazendo toda formação do poder de Portugal. O livro segue com a coroação de três príncipes portugueses em suas respectivas ordens: D. Duarte, consagrado como Cavaleiro da Ordem de Santiago, D. Pedro consagrado como Cavaleiro da Ordem de Avis e por último, D. Henrique que foi consagrado como Cavaleiro da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo. D. Afonso, quarto príncipe Português, não foi agraciado por nenhuma das ordens, criando uma inveja mortal dos outros três. 

Depois de alguns anos, D. Duarte morre, deixando seu pequeno filho Henrique, o fardo de se tornar herdeiro do trono. Dentre eles, existem outras presenças mais fortes, que trabalham por trás, influenciando as vontades do reino. D. Henrique faz parte desta conspiração da igreja católica, para elevar o poder da religião sobre o reino, influenciado pela Ordem religiosa, D. Henrique cria uma conspiração contra ao seu irmão D. Pedro. Com a morte de D. Duarte, D. Henrique estabelece um triunvirato colocando D. Leonor, esposa do falecido D. Duarte, como administradora do Reino; D. Henrique, filho de D. Afonso, como fiscalizador da justiça; e D. Pedro como defensor do Reino. Dessa forma, D. Afonso que nutre inveja pelos outros irmãos, se sente extasiado pelo cargo de grande importância dado ao seu filho, vendo nisso, uma maneira de tomar o reino para si. Em um golpe, D. Afonso consegue fazer a cabeça de D. Leonor, colocando D. Pedro como algoz para retirar o poder do pequeno Henrique, obrigando a D, Leonor tomar uma decisão e envolver o reino de Castela para resolver o problema, dando início assim, a uma sangrenta batalha pelo poder do reino.

Toda esta etapa, serve para explicar o porquê da morte de D. Fernando II e a origem do pequeno Jaime. Na quarta parte, o autor retorna a história de Jaime e seus crescimento no cais, dando início as principais aventuras envolvendo Dias e Diogo, o Capitão João Lopo, Jaime e o restante da tripulação na descobertas de novas milhas marítimas, ampliando ainda mais os poderes de Portugal.

Todo este início deve ter uma forte paciência e entendimento do leitor, pois, a quantidade de nomes e de tramas, podem complicar o leitor, criando um julgamento prévio errôneo da imensidão da história. Tendo essa atenção no início, o desenrolar da história torna-se mais fácil. A partir da entrada da vida de Jaime e suas aventuras junto a Dias e Diogo, a leitura flui facilmente, se desenrolando de forma cronológica.

A riqueza de detalhes exibidas no livro, nos trazem uma dura realidade vivida naquela época, diferente do que muitos livros didáticos trazem, como uma camada de heroísmo a situação. O cotidiano das grandes navegações e a vontade que moviam os homens. Infelizmente, o conhecimento de muitos eram mínimos, levando com eles a ignorância e o poder de ensinar aos nativos das terras recém descobertas a "verdadeira" religião. 

Devo falar sobre as batalhas. Nunca vi tanto sangue e violência desde a Primeira Guerra Mundial. Cada batalha é regada com litros de sangue e suor, sendo marcadas com extrema violência. Sem muita maquiagem por parte do autor, as batalhas eram sanguinárias, violentas, sem nenhuma esperança por ambas as partes, tendo como certeza a morte certa. A honra era substituída pela violência ou pela proximidade, acabando todos feridos, sem prevalecer um melhor do que o outro, cada um lutando pelos seus objetivos.

As conquistas em territórios africanos trazem a imensidão do poder de Portugal nesta época, exibindo também, a descoberta do amor por Jaime por uma nativa de uma tribo Bérbere e o fim tão repentino quanto começou. Em terras africanas, Marcelo consegue mostrar a realidade da ocupação e como os negócios em relação aos escravos apenas aumentavam. Através desta riqueza de detalhes, vamos vivenciando o surgimento do nosso "descobridor" Pedro Álvares Cabral, se mostrando como um fidalgo arrogante, que se sente superior, mas que logo é posto em um lugar por Dias, que se torna um mero acompanhante da expedição de Cabral para ocupar o Brasil.

Eu tenho apenas coisas boas a dizer sobre o livro, a pesquisa de Marcelo trouxe maior fidelidade a histórias que são contadas superficialmente, com muitos detalhes de pessoas que viviam em um mundo completamente diferente, onde as descobertas era feitas por homens idealizadores, mas concretizadas pelo domínio de interesses religiosos e de pessoas influentes. É incrível como o autor conseguiu remontar esta época.

Na parte técnica o livro possui páginas amareladas, permitindo um menor cansaço durante a leitura. A diagramação é muito boa, apesar da grande quantidade de páginas, o livro é pequeno, mas com letras bem espaçadas, facilitando muito a leitura. A divisão de capítulos não obedece a uma regra, tendo capítulos grandes e outros pequenos, tudo depende de qual aspecto da história o autor decide mostrar. As passagens de tempo entram em ordem cronológica após a quarta parte, mas que com um pouco de atenção o leitor consegue se encontrar em qual momento a história se encontra. A capa tem tudo haver com a história, indicando o que o livro mostra.

Devo agradecer ao Marcelo Mússuri pelo empenho em descrever fatos históricos de uma forma nua e crua, onde teremos lados bons e ruins, independente se é herói ou vilão. Gostei muito dos xingamentos típicos desta época e herdada por nós brasileiros. A riqueza de detalhes deste, com certeza será repetida nas continuações. Eu ainda estou impressionando com a escrita e com a história, criou em mim o interesse de pesquisar mais a fundo a história de nossas origens. 

E você gostou da resenha?! Lembre-se de curtir o blog e comentar sua opinião. Até mais pessoal!




Um comentário:

  1. Gostei bastante da resenha, mas não me interessei por ele; pois não faz meu estilo.

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